Tour gastronômico no Leblon

Estive recentemente no Rio, onde passei uma tarde em tour gastronômico no Leblon de Manoel Carlos, acompanhada de três alegres moças. Literalmente: o autor estava lá, a comer com sua família em uma delicatessen, em plena quinta-feira ensolarada. É gente que sabe viver.

Começamos com um almoço tailandês no Nam Thai, premiada casa fundada pelo médico e chef David Zisman. Pedi como entrada um tartar de salmão picante com gergelim, vindo em três colherinhas de louça. No calor do Rio, os tartares (preparações frias com carnes cruas condimentadas) são sempre boas pedidas, frescos e leves. (Nota mental: aprender a fazer.)

O prato principal foi o filé mignon com anis, chili e capellini de arroz. Não resisti e provei também do prato ao lado: salmão no vapor com curry verde tailandês, leite de coco, folha de limão e berinjela. Tudo fresco e colorido, acompanhado de arroz de jasmim.

De sobremesa, doce quente de banana e coco com manga fatiada, servido num delicado cone verde. Muito bonita e aromática a culinária do Nam Thai.

Dando sequência ao nosso tour, fomos em busca do que seria a sobremesa do dia seguinte na confeitaria Garcia e Rodrigues. Escolhemos para este fim uma torta de chocolate, chocolate mesmo.

O lugar também é café e restaurante, e o conteúdo de suas prateleiras e do menu é pensado para deixar todos os regimes porta afora. Era no mezanino que se sentava Manoel Carlos, com uma pequena família, para uma refeição lenta e agradável. Morri de vontade de dar uma espiada em seu prato, mas me contive.

Para "fechar" o almoço, comemos macarons rosa-choque, sabor framboesa, e financiers - aquele bolinho de amêndoa - com café. Não resisti e comprei também um brownie com pedaços de laranja para mais tarde. Decisão mais do que acertada.

Escolhemos também algumas frutas frescas num mercado próximo, onde eu encontrei ainda um bom batedor de cremes (mais um artigo que sumiu de Belo Horizonte). Somente no Leblon, as frutas podem ser degustadas em pequenos pedaços antes da compra, "para ver se está doce". Pobre que sou, espetei umas melancias e não comprei nenhuma, mas estavam ótimas.

Passamos - só passamos - em frente à loja do chocolate de mil reais, uma chocolateria que saiu recentemente nO Globo e anda fazendo sucesso na "alta". Não vou citar o nome aqui por motivos óbvios. O fato é que, desavisada, achei que fosse uma chocolateria mais "arrumadinha" como outra qualquer e já ia entrando, feliz e curiosa, quando a minha tia, rapidamente, começou a contar a história do local. Desviei da entrada e fingi que estava fazendo um passo de dança na rua.

Não tive coragem de entrar. Acho muito desaforo. A fofa diz ter achado a "fórmula perfeita" do chocolate, depois de pesquisar mundo afora por três anos (dad´s money? invejei) e misturar cacau da Bahia com Deus sabe o quê. Chamou ninguém menos que Oscar Niemeyer para criar um chocolate em forma de chaise longue (ele curte mesmo isso), que ela vende numa caixa de acrílico dourada, acompanhado de uma pinça folhada a ouro. Custa mil reais a caixa com 42 pastilhas-chaise-longue para serem colhidas com a pinça. É.

E pensando em como cada um REALMENTE faz o que quer com seu próprio dinheiro, encerramos o passeio comprando pães crocantes de todos os tipos no Talho Capixaba. É o deslumbramento da câmera fotográfica de um foodie*. Padaria-açougue-delicatessen, o Talho está no Leblon desde 1958, dez anos depois que seu fundador, natural de Águeda, Portugal, chegou ao Brasil.

Algumas fotos deste passeio gordinho:














* Foodie = segundo os britânicos, que inventam termos para tudo, são entusiastas da comida, "yuppies" das padarias, confeitarias e restaurantes em geral. Like us.