O doce e o fungo

O funghi e o dulce de leche foram as estrelinhas da minha semana.

Não contei que o doce de leite que comprei no Mercado Central era argentino, mas era. Desculpem... Depois volto ao mercadão para comprar goiabada cascão em pasta, bem pedaçuda.

Mas o fato é que, não é novidade nenhuma, sou louca por aquele doce caramelado que nossos hermanos fazem por lá. Então comi dulce de leche com banana, panqueca de dulce de leche, sorvete de creme com dulce de leche e torrada com manteiga e um dedo de dulce de leche - como costumam desayunar os porteños, acompanhados por uma bela caneca de café com leite fumegante. A melhor marca de dulce de leche, na minha opinião, se chama San Cor. Em Buenos Aires, é o mais popular e barato de todos; vem num pote de plástico e é encontrado em qualquer vendinha a 3 pesos. No Mercado Central de BH, é este lo que hay! Bati palmas de alegria.



E o funghi chileno - bem sul-americana minha cozinha estes dias - , o que pude achar no mercado mais perto de casa: aquele, bem aromático, desidratado, da Companhia das Ervas.

O funghi rendeu. No sábado, um almocinho a dois, com um bom vinho e risoto al funghi, seguido de algumas horas do seriado Twin Peaks no qual estamos viciados. Esquecemos os cogumelos desidratados "de molho" no vinho branco, de um dia para o outro, e ficou muito mais tenro do que jamais havia conseguido.

E ontem, recebi duas queridas amigas, magrinhas e pequeninas, para um penne al funghi e a atualização das notícias de cada uma. Nina, la chef que tive a honra de receber em minha cozinha, foi me ajudando com o molho, com a genial ideia de flambar com rum. Segundo ela, o ideal seria conhaque, mas no fim ficou muito saboroso.

De entrada, comemos um patê à base de cream cheese, alho, um bom azeite grego que encontrei e hortelã da minha pequena horta, acompanhado de torradinhas de pão australiano. Uma alternativa aos pães escuros "massudos" e pesados que normalmente encontramos por aí é transformá-los em torradas bem fininhas. Não dá para comer ao natural, de tão duro, mas em torradas fica muito saboroso, escuro e levemente adocicado que é.



Ainda estou aprimorando este molho de massa al funghi, portanto hoje posto apenas a receita do risoto, que já consigo fazer com mais desenvoltura.

1 xícara de funghi secchi chileno
1 xícara de arroz arbóreo
1 1/2 colher de cebola ralada
Azeite a gosto
Ervas a gosto - utilizei de Provence
1 litro de caldo de legumes, que deve ser mantido quente o tempo todo
2 xícaras de um bom vinho branco seco - isto é muito importante, não economizar com o vinho "só porque" ele vai na comida. Utilizei um chardonnay chileno. O risco é continuar tomando durante o preparo da refeição...

Deixe o funghi secchi descansando em uma xícara de vinho branco pelo máximo de tempo possível. No mínimo duas horas. Quando já estiver macio, pique em pedacinhos e não jogue fora o vinho em que ele descansou. Reserve ambos.

Refogue os temperos e a cebola em um pouco de azeite, até que ela fique macia. Acrescente o arroz e mexa bastante, por alguns segundos. Coloque na panela o líquido escurecido que virou a marinada do funghi, mais a outra xícara de vinho, e vá mexendo enquanto o arroz seca. Quando estiver quase seco, vá deitando aos poucos o caldo de legumes com uma concha, sem parar de mexer o arroz. Perto da última concha de caldo, coloque os cogumelos picadinhos e mexa bem, até que o arroz esteja "al dente" e cremoso.

Sirva imediatamente, com um bom queijo parmesão ralado.