Docinho de nozes da vovó
Alguns sabores remetem imediatamente a determinados momentos de nossas vidas. O docinho de nozes é um exemplo - uma doce memória. Minha avó Zelinha, que faz a melhor empadinha de queijo e o melhor feijão do Rio de Janeiro, orquestra esta obra-prima todos os Natais.
Quando criança, sem pudores, eu chegava ao seu apartamento no dia 24 de dezembro e corria para um grande móvel de madeira na sala onde, até hoje, são guardados os docinhos em forminhas de brigadeiro e bandejas de prata, à espera para depois da ceia. Vovó ria e fingia não me ver surrupiando, sem conseguir resistir, dois ou três docinhos antes de todo mundo.
Já tentei repeti-los em casa algumas vezes. Foi difícil acertar a calda de açúcar que envolve cada bolinha. Consegui fazer doces redondos e perfeitos, mas não tinham o sabor de guardado no móvel de madeira de um dia para o outro, das bandejas de prata e das mãos da Zelinha. Uma pena ela já estar velhinha e com pouca energia para a quantidade de trabalho que as comilanças de fim de ano demandam.
Desde pequena, conta, ela se lembra de sua mãe fazendo o doce nos aniversários e Natais. E lamenta que, no Rio de Janeiro, só se encontre nozes em dezembro, porque queria muito poder fazer os docinhos o ano inteiro.
Transcrevo aqui a receita como ela mesma escreveu à mão, de certa feita, para mim:
Ingredientes:
1 kg de nozes com casca
1/2 kg de açúcar
1 litro de leite
6 gemas
Põe-se o leite para ferver com o açúcar até engrossar, mexendo de vez em quando. Se o leite talhar, não tem importância. Quando estiver grosso em ponto de doce de leite, acrescentam-se as nozes moídas e as gemas. Volta-se ao forno, mexendo, até dar o ponto de "desgrudar da panela". Depois de frio, faz-se os docinhos passando-os num glacê feito com açúcar de confeiteiro. Enfeita-se com pedacinhos de nozes ou confeitos.
Uma observação: este glacê do qual ela fala é um fondant comum de confeitaria, feito com açúcar de confeiteiro e leite, derretido e cozido em banho maria, até dar o ponto do fondant. Este ponto é um mistério insondável até que se faça uma, duas, três vezes ou mais! Infelizmente.
Glorinha, realmente o docinho de nozes da Mamãe é incomparável o melhor. Sempre que os vejo em alguma loja não resisto a essa tentação, mas eles não chegam nem aos pés dos da Zélia. Vamos qualquer hora tentar fazer juntas para ver se fica tão bom quanto os dela.
ResponderExcluirBjs, Mui